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29/06/2010

A Arte e o Tempo (des)construídos a partir de 13 olhares distintos.


Leonardo da Vinci - Mona Lisa (1503–1506)




Parmigianino - Madonna do Pescoço Longo (1534 - 1540)


Diego Velázquez - As Meninas (1656-1657)



Michelangelo Merisi da Caravaggio - A Prisão de Cristo (1602)




Pierre-Auguste Renoir - O Moinho de la Galette (1876)




Vincent Van Gogh - Noite Estrelada Sobre o Ródano (1888)




Claude Monet - A Ponte Sobre o Lago Water-Lily (1900)




Pablo Picasso - Moça Diante do Espelho (1932)




Salvador Dalí - Sonho Causado Pelo Voo de uma Abelha ao Redor de Uma Romã um Segundo Antes de Acordar (1944)




Piet Mondrian - Broadway Boogie Woogie (1943 - 1944)




Jackson Pollock - Número 8 (1949)





René Magritte - A Queda (1953)





Andy Warhol -
Capa do Album "Velvet Underground and Nico" (1967)


Por JV. Pinheiro

Nossa primeira tirinha...

Se a imagem ficou pequena, dê um zoom em sua tela, ainda estamos resolvendo problemas técnicos, por favor, nos desculpem! Mais uma vez!

Verdade absoluta e verdade subjetiva

Durante muito tempo, homens e mulheres de diversos segmentos gastaram parte de suas energias conjeturando sobre a procedência da VERDADE. Parte desses indivíduos morreram na merda, e sem conseguir chegar a lugar nenhum. Outros, talvez conseguiram chegar à algum lugar, mas que não os satisfizeram. Perguntas como: “Existe uma verdade absoluta?” consumiram a alma de tantas pessoas, que se é impossível chegar a uma estimativa de quantas pessoas passaram horas e horas pensando sobre o tema.

Talvez caro leitor, essas perguntas também tomem parte do seu precioso tempo, e até interferem em suas escolhas, mas aqui estou eu para esclarecer alguns pontos. Afinal, eu já pensei, e muito sobre tudo isso.

Acompanhem a seguir uma fórmula simples que descobri em meio as minhas leituras cotidianas, e que me fez cagar tijolos ao descobri-la.

Vamos analisar a seguinte frase:
“Não existe uma verdade absoluta.”
Bom, isso é o que muitos afirmam, e é o princípio de muitas filosofias por ai. Mas, veja bem. Se NÃO existe uma verdade ABSOLUTA, como podemos concluir que esta sentença é uma VERDADE? Ora, portanto, ela é uma sentença falsa em si mesma.
Ela é falsa em si mesma, pois não satisfaz seu próprio padrão. É como se eu estivesse digitando aqui e agora: “Eu não consigo digitar e postar aqui!” Você se perguntaria: “Bem, mas como não, se o faz agora mesmo?”

Vemos muitas pessoas em nossa cultura pós-moderna fazendo esses tipos de afirmações, “Toda verdade é relativa!”, mas agora você esta armado para refutar essas afirmações.

Agora, para dar mais um complemento, quero dizer que a verdade, ela pode ser vista por diferentes ângulos. Eu posso achar que esse blog é bom, e você pode achar esse blog uma verdadeira bosta. Podemos concluir então que a verdade é subjetiva. Sim meus stalkers, ela não é absoluta, e sim subjetiva, essa é a palavra: subjetividade.

Acho que por todo esse tempo, as pessoas estavam tentando usar essa palavra em vez de absoluta, mas, continuando, desse ponto de vista, podemos concluir que a verdade é SUBJETIVA. Nenhum fato é mais factual que outro.

A primeira vez que tive contato com essas informações, minha cabeça explodiu, mas consegui reconstituir ela, e não me pergunte como...


27/06/2010

Aos leitores...

Queremos pedir aos nossos leitores que nos desculpem por termos postado alguns materiais repetidos, como o conto Reflexo e a análise livre do filme Perfume, aqui na página de início. Mas há uma explicação plausível para isso. Estamos passando por alguns problemas com relação a estruturação do blog e suas ferramentas. Problemas estes típicos de iniciantes como nós. Mais uma vez pedimos que nos perdoem, mas aqui estamos tentando fazer o possível para trazer um material de qualidade e uma apresentação também à altura. Obrigado pela atenção.

A busca pela individualidade

“Vivemos, agimos e reagimos uns com os outros; mas sempre, e sob quaisquer circunstâncias, existimos a sós.” Aldous Huxley no início de seu livro “as portas da percepção, de 1954, causa uma “brainstorm” em nós. E ainda continua: “Os mártires penetram na arena de mãos dadas; mas são crucificados sozinhos. Abraçados, os amantes buscam desesperadamente fundir seus estases isolados em uma única auto-transcedência; debalde. Por sua própria natureza, cada espírito, em sua prisão corpórea, está condenado a sofrer e gozar em solidão.”

Ora. Essa, caros leitores, não é uma sentença verdadeira? A experiência que nós temos marcadas em nossas essências, não nos é intransferível? Pois bem, atentem para a continuação:
“Sensações, sentimentos, concepções, fantasias – tudo isso são coisas privadas e, a não ser por meio de símbolos, e indiretamente, não podem ser transmitidas. Podemos acumular informações sobre experiências, mas nunca as próprias experiências. Da família à nação, cada grupo humano é uma sociedade de universos insulares.”
Huxley, nessa parte de seu livro, nos passa uma informação de ouro, no que diz respeito à aquisição de experiências na formação do caráter do indivíduo. Vejamos. Se as experiências são próprias, e intransferíveis, então, cada pessoa possuí um caráter único.
Passando para outro ponto, quero que percebam uma característica que se manifesta na no segmento jovem da nossa sociedade atualmente. É a preocupação em se tornar único, e deixar uma marca singular, que de longe seja vista, e que seja contestadora, em relação à opinião do outro.
Mas na verdade, não é isso que acontece. O que acontece realmente é a adesão desses jovens á uma cultura comum entre eles mesmos, que acaba criando uma massa que age da mesma forma – achando que está agindo diferentemente – e, portanto, na tentativa célere de encontrar um lugar onde se possa ser visto de forma peculiar, acaba participando de uma massificação alienada.
Tomemos como exemplo a subcultura gótica. Se formos pesquisar sobre tal subcultura, veremos que sua origem é tão rica quanto sua filosofia. Ela se estende aos vários campos: literatura, música, filmes, teatro e tantos outros. Mas jovens que tentam encontrar sua singularidade nesse mundo deturparam o significado de todo o desenvolvimento da subcultura gótica, e a diminuíram apenas a comportamentos violentos, música melódica depressiva, e noites regadas à bebedeira em cemitérios. E transformaram uma filosofia rica, com seguidores que eram (e ainda são) verdadeiramente singulares, em um movimento pobre, alienado, e que se perde em suas próprias ideologias. E esse processo aconteceu com muitas outras subculturas também.
Portanto, para você que busca essa singularidade em relação ao outro: tome cuidado, pois acabará por se perder, e ficará pelo caminho. Como vemos nas palavras de Huxley, por natureza já somos únicos. Não é necessário então que busquemos essa diferença que supostamente é oferecida por movimentos contemporâneos jovens. Faça seu próprio caminho.

Perfume, a história de um assassino, a relação mãe-bebê, e Winnicott

Vocês já assistiram ao filme Perfume, a história de um assassino? Caso não tenham visto, deixo aqui a dica!
Essa nova página em nosso blog chama-se Análise livre, pois nela pretendemos analisar filmes, livros, quadrinhos, álbuns, e outros da forma que nos der na idéia. Nossa primeira análise é sobre o filme Perfume, e vamos aplicar nessa análise a relação mãe-bebê como visto pelo psicanalista Winnicott, já que atualmente existe uma enorme população crescente que se preocupa pelo desenvolvimento das nossas crianças. Esse texto poderá trazer algumas novidades, e uma visão nova para você caro leitor.
Para se entender essa visão do filme, nos é necessário apresentar uma visão geral e rápida da teoria.
Atenção, isto aqui se tornou uma área de spoilers...
Winnicott dedicou grande parte de seu tempo com os estudos da relação mãe-bebê, e pode se dizer que essa é a essência de seus estudos.
O desenvolvimento emocional do bebê, as habilidades e o cuidado materno às necessidades do bebê eram caminhos freqüentemente encontrados em seu trabalho, e são duas diretrizes que se cruzam e que apóiam sua frase "não existe essa coisa chamada bebê", pois para Winnicott o bebê não pode existir sozinho, já que não pode viver sem a figura materna que vai lhe prover ambiente e atender as suas necessidades, o que vai levar o bebê ao amadurecimento.
Dependência. No início de sua vida, o bebê possui dependência absoluta em relação à mãe, então necessita de uma certa identificação com a mãe, e esta deve ser capaz de atender as suas necessidades, e a partir dessas condições, favoráveis ou desfavoráveis, o bebê tem sua subjetividade formada e vem a ser de modos diferentes conforme isso.
Winnicott diz que Para que a criança possa se desenvolver ela precisa ter um ambiente facilitador (onde seus tutores lhe ofereçam a capacidade de evoluir) - holding - e uma boa relação com a mãe. “Ao lhe dar amor, a mãe fornece-lhe uma espécie de energia vital que o faz progredir e amadurecer”.
O afeto e o amor são fundamentais para um bom desenvolvimento. Jean Baptiste (personagem principal do filme) foi rejeitado e abandonado ao nascer e depois foi levado a um orfanato. Não teve um ambiente facilitador nem ninguém que substituísse o papel da mãe e o ajudasse e ensinasse a desenvolver de forma adequada o seu dom. Nunca houve alguém que o amasse, somente pessoas que queriam tirar proveito dele de alguma forma (isso será percebido ao longo do filme).
A criança adquire experiência brincando. Ela brinca para dominar a angústia.
Jean Baptiste nunca brincou, trabalhou desde criança. Portanto, não pôde aprender a lidar com suas angústias.
A criança só pode reconhecer alguém como ser humano quando é reconhecida como ser humano.
Jean Baptiste não conseguia se perceber (quando ele está na caverna diz-se que ele não conseguia sentir seu cheiro e que se preocupou por nunca ter deixado sua marca – que seria o cheiro – e ninguém nunca o teria percebido por esse motivo. Como nunca teve ninguém que o reconhecesse, ele mesmo não se reconhecia e não era capaz de reconhecer outras pessoas enquanto seres humanos. Fazer o melhor perfume foi a maneira que ele encontrou de ser reconhecido e amado (ele passa o perfume e imagina a primeira garota que ele matou cheirando-o, abraçando-o, como se ela o amasse). Ele retorna ao lugar onde nasceu e derrama o perfume sobre si. Isso me pareceu ser a maneira dele lidar com a rejeição que sentia, como se essa fosse uma forma dele ser aceito no seu lugar de origem e tornar-se parte daquele lugar novamente.
Uma frase que transmite bem todas essas coisas é dita no fim do filme: “Só havia uma coisa que o perfume não podia fazer: não podia fazer dele uma pessoa capaz de amar e ser amado como todas as outras”.
Espero que este texto tenha agradado, e acrescentado algo para vocês, se gostaram, comentem, e nos envie e-mails. Até a próxima.

Por Neanderthal

Reflexo




E o dia amanhece em sépia. O homem levanta, se dirige ao banheiro e urina como normalmente faz todos os dias após se levantar. Ainda meio letárgico ele abre a torneira da pia e enxágua seu rosto.
Agora ativo, pode através de suas rugas e cabelos brancos perceber o peso de seus quarenta e sete anos refletidos no espelho. Não que ele fosse velho, tampouco tivesse as feições se um idoso - era alto em seus 1,85m, por onde eram distribuídos 87 kg, caucasiano, olhos castanhos e expressivos - mas já não tinha a juventude que outrora ele havia tratado com apatia.
Naquele momento, veio em sua mente: "vaidade das vaidades, tudo é vaidade". E lembrou-se também de uma frase que lera na última noite antes se dormir, era de um conto de Saramago: "o sonho é um prestidigitador hábil, muda as proporções das coisas e as suas distâncias, separa as pessoas, e elas estão juntas, reúne-as, e quase não se vêem uma à outra..." Percebera então que o que vivera até ali era puramente ilusões, e nada era o que parecia ser.
- Como pude viver desta forma? - Perguntou.
O espelho ríspido e prontamente rebateu:
- Dize-me tu!
- Hein?
- Sim. Dize-me tu! O único que pode responder a esta pergunta é você mesmo. Você quis viver assim, ou alguém te impôs este modo de viver?
- Espere... Não sei... Como você está falando?
- Acalme-se! Se foque em minha pergunta.
O homem, um tanto atônito, começa a refletir na pergunta do espelho.
- Você tem razão! Talvez eu tenha escolhido este modo de viver. Minhas decisões... Aquela vez... Minhas palavras tão duras e amargas...
Neste exato momento o espelho estoura, e um estilhaço voa no rosto daquele que se encontrava em devaneio pensando na vida, como se fosse um tapa, e este por sua vez começa a sentir um reboliço em seu estômago. Ele olha para a privada e começa a ver o odor subir, para lá se direcionou e vomitou uma substância de cor marrom. O espelho para de falar e o dia perde seu tom sépia. Caiu a ficha: "Não devo tomar chá de cogumelo antes de dormir, o sonho é um prestidigitador hábil!”.

Por Neanderthal

23/06/2010

A música transcendental de Hermeto Pascoal

Palavras se tornam desnecessárias quando Hermeto Pascoal (um dos maiores músicos vivos do mundo) e sua trupe resolvem “brincar de fazer música” com a natureza.


20/06/2010



O Primeiro Post

Clima melancólico, tons em sépia, e natureza mostrados juntos e de uma forma muito peculiar no cinema. Assim são os filmes de Andrei Tarkovski, cineasta russo, nascido em 1932. Stalker, seu filme de 1979, carrega todas essas características de que falamos, e é a fonte de inspiração para o nome desse blog caro leitor. E por quê?
Para isso é necessário que você conheça um pouco do desenvolvimento da história apresentada em Stalker. Sobre os Stalkers, sobre A Zona, sobre ser um piolho, e porque não, sobre o porco-espinho?
Vamos à sinopse: Em algum lugar do planeta, um meteoro cai - pelo menos esta é a conjectura - e a região que é atingida passa a ter ações estranhas. Sim leitores, AÇÕES. A região passa a ser chamada de A Zona. Há rumores de que dentro da Zona existe O Quarto, em que os seus desejos podem ser realizados lá. O Exército então cerca a área, para que invasores não penetrem no local, sendo que o próprio exército teme entrar na Zona. Mas, os Stalkers, são alguns poucos que possuem a habilidade de entrar na Zona e ainda permanecerem vivos. A história começa quando um escritor e um físico contratam um desses Stalkers para entrarem na Zona.
Filosofia, poesia, pintura e reflexão, muita reflexão... Tudo isso e muito mais pode ser encontrado nesse belíssimo filme. É a vida em estado bruto que pulsa em cada frame do filme. É antes de tudo um filme sobre a fé, onde é preciso que se acredite no filme para que este funcione de alguma forma.
A relação entre quem assiste com o que se assiste é tão grande que é praticamente impossível descrever a sensação de assisti-lo pela primeira vez. Cada pessoa assiste um Stalker diferente.
Parte técnica? Fotografia? Direção? Em se tratando de Tarkovsky seria chover no molhado o elogio dessas partes.
Ele era o melhor, até o Bergman reconheceu isso. Você deve estar se perguntando qual é a relação entre esse filme Russo feito 30 anos atrás e esse blog atual inicialmente elaborado por dois "moleques". Bem... A resposta dessa pergunta reside em uma poesia declamada no próprio filme pelo Stalker em pessoa:

"Agora o verão se foi
E poderia não ter vindo
No sol está quente,
Mas tem de haver mais.

Tudo aconteceu,
Tudo caiu em minhas mãos.
Como uma folha de cinco pontas
Mas tem de haver mais.

Nada de mau se perdeu,
Nada de bom foi em vão...
Uma luz clara ilumina tudo
Mas tem de haver mais.

A vida me recolheu,
À segurança de suas asas.
Minha sorte nunca falhou,
Mas tem de haver mais.

Nem uma folha queimada,
Nem um graveto partido.
Claro como um vidro é o dia...
Mas tem de haver mais. ’’

Stalker - Andrei Tarkovski

Abstraindo tudo isso para fazer caber em nossas intenções, A ZONA seria o conhecimento despretensioso, conhecimento de coisas gostosas, do nosso cotidiano, coisas que são magníficas, mas passam despercebidas. Claro, não somos retentores do conhecimento, somos apenas curiosos, e queremos compartilhar nossas curiosidades e descobertas com vocês leitores, e queremos que isso parta de vocês também, por isso estamos tentando desenvolver nossa infra-estrutura para conseguir chegar mais próximos de vocês. Stalkers, portanto, somos todos.
Uma frase dita pelo Stalker no filme: "O Stalker não pode entrar no Quarto. O Stalker não pode sequer pensar no interesse próprio, ao entrar na Zona. Lembra-se do Porco-Espinho! Sim... sou um piolho, nada fiz nesse mundo, nem nada posso fazer. Nem à minha mulher dei nada. Não tenho amigos, mas não tire o que é meu! Privaram-me de tudo lá, alem do arame farpado. Tudo que tenho, está aqui! Compreende? Aqui na Zona. Felicidade, a liberdade, a dignidade, tudo está aqui!”.
Somos todos piolhos diante dos conhecimentos do mundo, portanto, sintam-se felizes, livres, e dignos aqui na Zona, tudo está aqui.
Além de tudo isso, fica a dica, assistam ao filme, garanto que será uma experiência boa, e uma grande viajem.

MAS TEM DE HAVER MAIS...