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27/06/2010

A busca pela individualidade

“Vivemos, agimos e reagimos uns com os outros; mas sempre, e sob quaisquer circunstâncias, existimos a sós.” Aldous Huxley no início de seu livro “as portas da percepção, de 1954, causa uma “brainstorm” em nós. E ainda continua: “Os mártires penetram na arena de mãos dadas; mas são crucificados sozinhos. Abraçados, os amantes buscam desesperadamente fundir seus estases isolados em uma única auto-transcedência; debalde. Por sua própria natureza, cada espírito, em sua prisão corpórea, está condenado a sofrer e gozar em solidão.”

Ora. Essa, caros leitores, não é uma sentença verdadeira? A experiência que nós temos marcadas em nossas essências, não nos é intransferível? Pois bem, atentem para a continuação:
“Sensações, sentimentos, concepções, fantasias – tudo isso são coisas privadas e, a não ser por meio de símbolos, e indiretamente, não podem ser transmitidas. Podemos acumular informações sobre experiências, mas nunca as próprias experiências. Da família à nação, cada grupo humano é uma sociedade de universos insulares.”
Huxley, nessa parte de seu livro, nos passa uma informação de ouro, no que diz respeito à aquisição de experiências na formação do caráter do indivíduo. Vejamos. Se as experiências são próprias, e intransferíveis, então, cada pessoa possuí um caráter único.
Passando para outro ponto, quero que percebam uma característica que se manifesta na no segmento jovem da nossa sociedade atualmente. É a preocupação em se tornar único, e deixar uma marca singular, que de longe seja vista, e que seja contestadora, em relação à opinião do outro.
Mas na verdade, não é isso que acontece. O que acontece realmente é a adesão desses jovens á uma cultura comum entre eles mesmos, que acaba criando uma massa que age da mesma forma – achando que está agindo diferentemente – e, portanto, na tentativa célere de encontrar um lugar onde se possa ser visto de forma peculiar, acaba participando de uma massificação alienada.
Tomemos como exemplo a subcultura gótica. Se formos pesquisar sobre tal subcultura, veremos que sua origem é tão rica quanto sua filosofia. Ela se estende aos vários campos: literatura, música, filmes, teatro e tantos outros. Mas jovens que tentam encontrar sua singularidade nesse mundo deturparam o significado de todo o desenvolvimento da subcultura gótica, e a diminuíram apenas a comportamentos violentos, música melódica depressiva, e noites regadas à bebedeira em cemitérios. E transformaram uma filosofia rica, com seguidores que eram (e ainda são) verdadeiramente singulares, em um movimento pobre, alienado, e que se perde em suas próprias ideologias. E esse processo aconteceu com muitas outras subculturas também.
Portanto, para você que busca essa singularidade em relação ao outro: tome cuidado, pois acabará por se perder, e ficará pelo caminho. Como vemos nas palavras de Huxley, por natureza já somos únicos. Não é necessário então que busquemos essa diferença que supostamente é oferecida por movimentos contemporâneos jovens. Faça seu próprio caminho.

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