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13/01/2011

O retrato perfeito sobre o cristianismo na Idade Média em "O nome da rosa"

O filme “O nome da Rosa”, de 1986, dirigido por Jean-Jacques Annaud passa em um mosteiro de 1327 na Itália onde a ordem é perturbada por uma série de mortes. Os monges acreditavam ser uma obra do demônio. Frei William de Baskerville é chamado para ajudar nas investigações das mortes. Munido de princípios racionais e científicos ele percebe que as mortes não estavam ligadas à obras confabuladas por entidades extraterrenas, mas sim à um livro polêmico escrito por Aristóteles. O livro seria supostamente o segundo volume de A Poética, que discorria sobre a boa natureza cognitiva do humor e do riso, justamente o que era banido dos preceitos cristãos no monastério, dito que o riso era obra do demônio. É sabido que para os monges beneditinos apresentados no filme, a vida de santidade que escolheram os diferenciava do homem comum, portanto, a vida de austeridade que levavam era o caminho para se manterem santos, portanto, aqueles que tocavam no livro e sabiam de sua existência eram mortos.

Não se sabe se o livro realmente existiu no mundo real, mas é fato que o filme é uma descrição cinematográfica do poder que a igreja mantinha na idade média.

No Império Romano nasce a religião cristã, por séculos se expandiu e obteve mais tarde de Roma o direito de liberdade de culto. A igreja consolidou-se quando houve a conversão do povo da Germânia, pois ai sobreviveria à degradação do império Romano no ocidente. A igreja católica mantinha a unidade religiosa, cultural e política. Ditava as formas de nascer, morrer e festejar.

Na Idade Média a riqueza era medida pela quantidade de terra, e a Igreja chegou a ser proprietária de quase dois terços das terras da Europa ocidental, conhecida, portanto como a grande senhora feudal. Grande parte dessas terras foi adquirida através de doações de fiéis, que, com o ato, supostamente conseguiriam garantir seu lugar no céu.

O Papa Gregório IX criou, em 1231, os tribunais da Inquisição, cuja missão era descobrir e julgar os heréticos, pois havia diversas práticas religiosas que não seguiam a prática cristã estritamente e se chocavam com os dogmas da Igreja.

Na tentativa de descobrir se os réus eram de fato culpados ou não, muita dor e sofrimento era infligido aos suspeitos. Manuais de tortura eram seguidos à risca para fazer com que o réu a qualquer custo confessasse sua culpa. Muitos saiam mortos das sessões ou pelo menos com fraturas e traumas.

A ação dos tribunais da Inquisição estendeu-se por vários reinos cristãos: Itália, França, Alemanha, Portugal e, especialmente, Espanha. Nesse último país, a Inquisição penetrou profundamente na vida social, possuindo uma gigantesca burocracia pública com cerca de vinte e cinco mil funcionários a serviço do movimento inquisitorial. Pressionada pelas monarquias católicas, a Inquisição desempenhou um papel político e social, freando os movimentos contrários às classes dominantes e, dessa maneira, ultrapassando sua finalidade declarada de proceder ao mero combate às heresias religiosas.

O filme O nome da Rosa elucida de forma clara o que foi o período medieval e a dominação imposta pela igreja católica medieval. O controle da população de fiéis era feito através da retenção do conhecimento para as mãos de poucos e a propagação do medo do que é invisível, onipresente, poderoso e mal. O ato pela razão era tolhido. O poder político e cultural era centralizado na mão da elite, e essa era a união entre o Estado e a Igreja. Muito embora esse período seja conhecido pela não evolução da ciência, e chamado então de “idade das trevas”, a produção artística não foi inexistente, apenas se focava em preceitos religiosos. Muitos obras musicais, muitas pinturas foram produzidas nesse período.


Por Neanderthal

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